Metodologias Ativas: Transformando o Papel do Aluno na Aprendizagem

Publicado em 23/03/2025 por Mayara Teles Viveiros de Lira

As metodologias ativas vêm ganhando destaque no cenário educacional contemporâneo por proporem uma mudança significativa na forma como o conhecimento é construído em sala de aula. Diferentemente do modelo tradicional, centrado na figura do professor como transmissor do saber, as metodologias ativas colocam o aluno como protagonista de seu processo de aprendizagem.

Segundo Moran (2015), "as metodologias ativas favorecem a autonomia, a autoria e a colaboração dos estudantes no processo de aprender". Isso significa que o aluno deixa de ser um agente passivo e passa a participar ativamente da construção do conhecimento, por meio de estratégias como a resolução de problemas, aprendizagem baseada em projetos, sala de aula invertida, entre outras.

A proposta das metodologias ativas está alinhada à perspectiva construtivista da aprendizagem, que defende que o conhecimento é resultado da interação entre o sujeito e o meio. Para Freire (1996), “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção”. Nesse contexto, o professor assume o papel de mediador, facilitador e orientador do processo educativo, ao invés de apenas reprodutor de conteúdos.

Uma das metodologias ativas mais conhecidas é a sala de aula invertida (flipped classroom), na qual os conteúdos são estudados previamente pelos alunos, geralmente com o apoio de vídeos ou leituras, e o tempo em sala é utilizado para discussões, atividades práticas e resolução de dúvidas. De acordo com Bergmann e Sams (2012), criadores do modelo, essa abordagem “permite que os professores tenham mais tempo para interagir com os alunos e atender às suas necessidades individuais”.

Outra estratégia relevante é a aprendizagem baseada em projetos (PBL – Project-Based Learning), que envolve os estudantes em tarefas desafiadoras e reais, exigindo pesquisa, colaboração e criatividade. Conforme Bell (2010), essa metodologia “fomenta o engajamento e a motivação dos alunos ao conectá-los com o mundo real e com problemas autênticos”.

Além disso, estudos mostram que as metodologias ativas favorecem o desenvolvimento de competências e habilidades previstas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), como o pensamento crítico, a resolução de problemas, a comunicação e a colaboração.

Implementar metodologias ativas, no entanto, requer planejamento, formação docente e uma mudança cultural nas instituições de ensino. Como destaca Bacich e Moran (2018), “não se trata apenas de usar novas técnicas, mas de promover uma nova postura frente ao ensino e à aprendizagem”.
BACICH, Lilian; MORAN, José Manuel (Orgs.). Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico-prática. Porto Alegre: Penso, 2018.

BELL, Stephanie. Project-Based Learning for the 21st Century: Skills for the Future. The Clearing House, v. 83, n. 2, p. 39–43, 2010.

BERGMANN, Jonathan; SAMS, Aaron. Flip your classroom: Reach every student in every class every day. International Society for Technology in Education, 2012.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

MORAN, José Manuel. Metodologias ativas para uma aprendizagem mais significativa. 2015. Disponível em: https://www2.eca.usp.br/moran/wp-content/uploads/2013/12/MetodologiasAtivas_JMoran.pdf. Acesso em: 23 mar. 2025.

Palavra-chave: Educação, Metodologias Ativas